ArtíCulo de Investigación
Estratégias didáticas na Educação de Jovens e Adultos em escolas de Alagoas, Brasil.
Estrategias didácticas en la Educación de Jóvenes y Adultos en escuelas de Alagoas, Brasil
Didactic strategies in Youth and Adult Education in schools in Alagoas, Brazil.
*Pablo EugEnio Castillo armijo
**maría Do rosário montEnEgro PaDilha
* Profesor asociado del departamento de educación, Universidad de Santiago de Chile
** Doctora en Educación Universidad Sek-Chile
DOI: https://doi.org/10.18634/sophiaj. 19v.1i.1146
Información del artículo
Recibido: septiembre de 2021 Revisado: noviembre de 2022 Aceptado: diciembre de 2022 Publicado: enero - junio 2023
Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos, Estratégias didáticas, Relação professor-aluno, Curriculum Escolar, Brasil.
Palabras clave: Educación de Jóvenes y Adultos, estrategias didácticas, relación profesor-alumno, Currículo Escolar, Brasil.
Keywords: Youth and Adult Education, teaching strategies, teacher-student relationship, Scholl Curriculum, Brazil.
Cómo citar: /how cite: Castillo Armijo, P. E., & Montenegro Padilha, M. D. R. (2023). Estrategias didácticas en la Educación de Jóvenes y Adultos en escuelas de Alagoas, Brasil. Sophia, 19(1). https://doi. org/10.18634/sophiaj.19v.1i.1146
Sophia-Educación, volumen 19 número 1. Enero/junio 2023. Versión español
Correspondencia de autor: pablo.castillo.armijo@gmail.com
Este artículo tuvo como objetivo analizar las estrategias didácticas utilizadas por los maestros de Educación de Jóvenes y Adultos (EJA), de aquí em di ante, de tres escuelas públicas en Alagoas para mejorar el proceso de enseñanza aprendizaje. La EJA por muchos años ha sido considerada un subsistema educativo, una educación pobre para pobres, pero existe un reconocimiento en los últimos años del rol transformador que puede generar en las vidas de las personas que fueron excluidas del sistema educativo tradicional sea por razones de trabajo, embarazo, fracaso escolar o deserción voluntaria. También existen razones económicas que establecen la importancia de este tipo de educación, al ser considerados como mano de obra que debe ser calificada para introducirse al mercado laboral cada vez más competitivo.
Desde un enfoque cualitativo y método de estudio de casos la investigación se desarrolló obteniendo datos de tres grupos focales con los estudiantes y entrevistas semiestructuradas con los maestros. Los datos fueron tratados a través del análisis de contenido propuesto por Bardin (2011). En los discursos surgieron las posiciones dialógicas de docentes y alumnos objeto de esta investigación, quienes demostraron la importancia de la relación de diálogo y respeto entre docente y estudiantil de la EJA, destacándose que existen estrategia didáctica que favorecen el aprendizaje, como los trabajos prácticos y grupales. Sin embargo, existe una crítica hacia la EJA que presenta algunos procesos mecánicos de enseñanza sin sentidos y meramente reproductivos que no favorecen la adquisición de habilidades superiores del pensamiento, como la reflexión y el análisis de la realidad social de los estudiantes.
ABSTRACT
This article aimed to analyze the didactic strategies used by teachers of Youth and Adult Education of three public schools in Alagoas to improve the teaching-learning process. The EJA for many years has been considered an educational subsystem, a poor education for the poor, but there is recognition in recent years of the transformative role it can generate in the lives of people who were excluded from the traditional education system for work reasons, pregnancy, school failure or voluntary dropout. There are also economic reasons that establish the importance of this type of education, being considered as a workforce that must be qualified to enter the increasingly competitive labor market.
From a qualitative approach and case study method, research was developed by obtaining data from three focus groups with students and semi-structured interviews with teachers. The data were treated through the content analysis proposed by Bardin (2011). In the speeches arose the dialogic positions of teachers and students object of this research, who demonstrated the importance of the relationship of dialogue and respect between teachers and students of the EJA, highlighting that there are didactic strategies that favor learning, such as practical work and group. However, there is a criticism of the EJA that presents some mechanical processes of nonsense and merely reproductive teaching that do not favor the acquisition of higher thinking skills, such as reflection and analysis of the student’s social reality.
Resumo
Este artigo objetivou analisar as estratégias didáticas utilizadas pelos professores da Educação de Jovens e Adultos (EJA) de três escolas públicas em Alagoas para melhoria do processo de ensino aprendizagem. A EJA por muitos anos tem sido considerada um subsistema educacional, uma educação ruim para os pobres, mas há um reconhecimento nos últimos anos do papel transformador que pode gerar na vida das pessoas que foram excluídas do sistema educacional tradicional por motivos de trabalho, gravidez, insucesso escolar ou abandono voluntário. Há também razões econômicas que estabelecem a importância desse tipo de educação, sendo considerada uma força de trabalho que deve ser qualificada para entrar no mercado de trabalho cada vez mais competitivo.
A partir de uma abordagem qualitativa e método de estudo de caso, a pesquisa foi desenvolvida através da obtenção de dados de três grupos focais com os alunos e entrevistas semiestruturadas com os professores. Os dados foram tratados através da análise de conteúdo proposta por Bardin (2011). Nas falas, surgiram as posições dialógicas dos professores e alunos objeto desta pesquisa, que demonstraram a importância da relação de diálogo e respeito entre professores e alunos da EJA, destacando que existem estratégias didáticas que favorecem a aprendizagem, como o trabalho prático e grupo. No entanto, há uma crítica à EJA que apresenta alguns processos mecânicos de disparate e mero ensino reprodutivo que não favorecem a aquisição de habilidades cognitivas superiores, como a reflexão e análise da realidade social dos estudantes
As mudanças tecnológicas, ambientais e sociais ocorridas nos últimos anos tem exigido que a formação básica oferecida pelas escolas seja relevante no sentido de preparar os estudantes para a realidade em que eles estão inseridos. Deste modo, capacitar os estudantes para que desfrutem deste conhecimento é fundamental para o desenvolvimento deles e para a construção de uma sociedade mais justa e equilibrada.
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) dispõe de algumas especificidades que necessitam ser entendidas no contexto geral. A formação dos estudantes dessa modalidade de ensino deve ser compreendida como uma escolarização diferente da que ocorre nas turmas regulares. Esses estudantes não são indivíduos sem história e sem conhecimento algum, eles trazem consigo as vitórias e frustrações de anos de vida que precisam ser levados em conta.
Diante desse contexto, percebe-se a existência de uma grande diversidade de deficiências que interferem no avanço da EJA, entre elas destaca-se a insuficiência de investimentos na formação do professor que atua nessa modalidade de ensino, no sentido de que ele possa promover estratégias didáticas, com uma ideologia diferenciada, direcionadas a esse público que apresenta individualidades exclusivas de sua condição social, econômica e cultural. Nesse sentido, percebe-se que o aluno da EJA tem deixado de vivenciar estratégias didáticas adotadas em outras modalidades de ensino.
Com isso, buscou-se compreender os recortes e as interpretações propostas para delimitar elementos que não denotam a rigidez de uma visão filosófica fechada em si, sendo sustentada por diferentes enfoques relacionados à EJA. Dessa forma, foi realizada uma ampla pesquisa dos antecedentes conceituais e contextuais da Educação de Jovens e Adultos no Brasil e especificamente em Alagoas.
Surgiram diversas categorias emergentes durante a pesquisa, assim sendo destacaram-se: a relação professor-aluno; as atividades didáticas; a disponibilidade dos docentes no desempenho de suas atividades pedagógicas; o desempenho do ensino aprendizagem dos educandos; e as estratégias didático-pedagógicas. Nesse sentido, identificaram-se características, habilidades e competências dos alunos e professores para compreensão da relação entre eles, além das estratégias didáticas que contribuem para a melhoria do ensino aprendizagem.
O principal objetivo do estudo foi analisar as estratégias didáticas utilizadas pelos docentes da EJA, no intuito de melhorar o processo de ensino aprendizagem.
Durante toda a história da educação no Brasil, a modalidade da Educação de Jovens e Adultos, também conhecida como educação popular, foi utilizada como alvo para formação e detenção dos poderes políticos, no entanto, sempre contribuiu de forma direta ou indiretamente, para o funcionamento da estrutura sociocultural do país. Partindo desse pressuposto, podemos observar que, através dos movimentos educativos, foram desencadeadas as políticas educativas, que estão sempre atreladas à conservação ou a mudança social, que dependem, sempre, da concepção dos detentores do poder público.
Ao longo da segunda metade do século XX, o Brasil passou por um processo de transformações, na sua história política e social, decorrente de diversas ameaças de golpes e contragolpes. O sistema de ensino passava por uma etapa de desestruturação, em consequência da expulsão dos jesuítas, que, no período colonial, exerciam uma função educativa, principalmente, com relação aos adultos. Entretanto, a partir da revolução de 1930, o movimento de educadores iniciou um processo, para ampliar e implementar políticas públicas na educação de adultos, que só veio a se estabilizar através da Constituição de 1934, pois, através da referida Carta Magna, era determinado o ensino primário integral e gratuito, extensivo também aos adultos.
Segundo Haddad e Pierro (2000, p.174), o Plano Nacional de Educação de responsabilidade da União, previsto pela Constituição de 1934, deveria incluir entre suas normas o ensino primário integral gratuito e de frequência obrigatória. Esse ensino deveria ser extensivo aos adultos. Pela primeira vez a educação de jovens e adultos era reconhecida e recebia um tratamento particular.
Através do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP), criado em 1938, por meio de seus estudos e pesquisas, foi implantado em 1942 o Fundo Nacional do Ensino Primário, que tinha como objetivo, através de seus recursos, a elaboração de programas progressivos de ampliação da educação primária, onde estivessem inclusos o Ensino Supletivo, para jovens e adultos. Com sua regulamentação em 1945, foi estabelecido um percentual de 25% dos recursos para aplicação de um plano geral de Ensino Supletivo, direcionado aos jovens e adultos analfabetos.
De acordo com Haddad e Di Pierro (1994) em 1947 surgiu o Serviço de Educação de Adultos (SEA), como serviço especial do Departamento Nacional de Educação do Ministério da Educação e Saúde, que tinha por finalidade a reorientação e coordenação geral dos trabalhos dos planos anuais do ensino supletivo para adolescentes e adultos analfabetos.
Na década de 60 o país viveu um processo de desenvolvimento na sua economia, porém após mudanças de governo ocorreram transtornos econômicos internos difíceis de administrar. Daí surgiu, por parte das camadas populares, movimentos de mobilização dos mais variados setores e intensos processos de discussão, análise e reflexão.
Segundo Paiva (2003), os movimentos populares, motivados pelas condições políticas e culturais do país, naquele momento, encabeçaram grandes campanhas de promoção de educação e cultura popular protagonizadas por intelectuais, políticos e estudantes, preocupados com a promoção política das massas, na perspectiva da tomada de consciência, sobre a problemática brasileira. Eles viam na educação um instrumento de fundamental importância, na preparação do povo para a participação política, como também, para a valorização da cultura nacional. Entre os organizadores e participantes desses movimentos, encontravam-se liberais, marxistas e católicos. Enfocando cada um à sua maneira o problema da educação das camadas populares, esses grupos apresentavam objetivos políticos muitas vezes convergentes. Almejam a transformação das estruturas sociais, econômicas e políticas do país, construindo uma sociedade mais justa e mais humana. (Paiva,2003, p.235)
Durante a década de 1980 a sociedade brasileira continuava apresentando um índice elevado de jovens e adultos analfabetos. Para dar continuidade ao processo de escolarização dessa clientela, a educação de adultos passa a ser conhecida como Educação de Jovens e Adultos (EJA).
O destaque da década de 1990 foi a aprovação das Diretrizes Curriculares de Educação de Jovens e Adultos, pelo Parecer nº 11/2000 da Câmara de Educação Básica (CEB), do Conselho Nacional de Educação (CNE), que reafirmou a EJA, como um direito do cidadão, distanciando-se da ideia de educação “compensadora” e assumindo a função “reparadora” de “equidade e qualificadora.
A função reparadora não se refere apenas ao direito a uma escola de qualidade para os jovens e adultos, mas também ao reconhecimento da igualdade de todo e qualquer ser humano no que se refere ao direito de ter acesso a um bem real, social. Porém, não se pode confundir a noção de reparação com a de suprimento. A função equalizadora é uma referência à igualdade de oportunidade, que possibilita oferecer ao sujeito a inserção no mercado de trabalho e na vida social. E, por fim, a função qualificadora, considerando-se a educação permanente, visando a atender às necessárias atualizações e à aprendizagem continuada, ao longo da vida.
Fávero (2001, p. 92) destaca que [...] embora o Parecer nº 11/2000 tenha significado um enorme avanço, no que diz respeito aos fundamentos e as funções da Educação de Jovens e Adultos, a deliberação do parecer não conseguiu superar os estreitos limites dessa modalidade de ensino, tomando como referência as formas regulares e médias.
Diante do exposto percebe-se que, no início do século XXI, houve uma necessidade da EJA se abrir para incorporar a pluralidade de seus sujeitos, conhecimentos, atitudes, linguagem, código e valores, que, na maioria das vezes, são desconhecidos ou vistos de forma desvalorizada, pelo espaço de âmbito escolar e pelos currículos tradicionalmente oferecidos (Andrade, 2004).
No tocante ao Brasil, dados divulgados pela INEP/MEC (2019, p. 28) demonstram que o número de matrículas na EJA diminuiu 2,9% de 2014 a 2018, chegando a 3,5 milhões em 2018. Essa queda foi influenciada, especialmente, pela redução do número de matrículas da EJA de nível fundamental, que teve queda de 10,1% de 2014 a 2018. 1 A EJA de nível médio no censo de 2018, apresentou um crescimento de 9,8% em relação a
1INEP/MEC, 2018, p. 28.
2014. No nível fundamental, 62,7% das matrículas estão na rede municipal, seguida pela rede estadual e pela rede privada, que apresentam 33,1% e 4,2% das matrículas, respectivamente. Na EJA de nível médio, a rede estadual é responsável por 87,6% das matrículas, seguida da rede privada e da rede municipal com 9,3% e 2,2% das matrículas, respectivamente. A EJA de nível fundamental concentra, proporcionalmente, o maior número de matrículas da zona rural (Brasil, 2018).
Após a promulgação da Constituição Federal de 1988, as ações educacionais relacionadas à EJA em Alagoas não apresentaram imediatamente mudanças expressivas. Isso só veio acontecer na década de 1990, quando apareceram encaminhamentos diferenciados.
No tocante à rede estadual, após dois anos da LDBEN nº. 9.394/9, a Secretaria de Educação do Estado de Alagoas assumiu a EJA, efetivamente, como modalidade de Ensino.
A EJA em Alagoas, até o ano de 1992, estava sob a incumbência da Divisão de Ensino Supletivo (DES), que tinha a função de reproduzir as estratégias federalizadas e focalizadas mais nos problemas burocráticos do que nos pedagógicos.
A Constituição de 1988 determinou que os planos de educação se tornassem lei. A LDB, Lei nº 9.394/1996, estabeleceu que a união deveria elaborar um plano e assim surge a Lei nº 10.172/2001 que instituiu o Plano Nacional de Educação – PNE, consequentemente os estados elaboraram seus planos de educação.
A proposta de inclusão da EJA no Plano Estadual de Educação de Alagoas - PEE estava fundamentada na alfabetização em caráter e natureza popular, com a perspectiva de superar a concepção das antigas campanhas de alfabetização, por serem de cunho apenas emergencial e compensatório, devido ao fato de considerarem o analfabetismo como um mal a ser combatido em períodos estanques (Alagoas, 2006).
A EJA objetivou fazer com que os jovens e adultos que estavam fora da sala de aula em Alagoas aprendessem a ler e escrever. Este objetivo partiu da dificuldade de aprendizagem dos alunos oriundos do Ensino Fundamental (Estado de Alagoas, 2006), além daqueles que nunca frequentaram uma sala de aula por motivo de, quando crianças, terem que trabalhar muito cedo para ajudar na renda familiar, ocasionando para os jovens a não conclusão dos estudos no período escolar adequado.
O desenvolvimento de uma política educacional fundamentada em macro prioridades, dentre as quais a educação de jovens e adultos não alfabetizados, tornou-se proposta no âmbito estadual. Foi apresentada a diretriz geral, ou seja, investir na EJA visando a erradicação dos índices de analfabetismo e a incorporação posterior desses alunos ao ensino regular. A ideia que se preconizava era a da circulação de estudos como processo de continuidade no ensino dito regular e não continuidade dos estudos, dentro da mesma modalidade.
No mundo contemporâneo a demanda é a formação de indivíduos capacitados tecnicamente, qualificados para reconhecer e exercer diversos valores como: conduta ética, capacidade de iniciativa, criatividade, flexibilidade, autocontrole, comunicação, dentre outros. Assim sendo, este perfil apresenta ao aluno se envolver ativamente no processo de aprendizagem, sempre buscando a prática de ler, escrever, perguntar, discutir, resolver problemas e desenvolver projetos dentre outros aspectos. O aluno deve realizar tarefas mentais de alto nível, como análise, síntese e avaliação.
Neste panorama atual, com mercado profissional competitivo e seres conectados, é exigida uma educação com estratégias diversificadas e criativas que provoquem as mudanças necessárias para a construção de uma sociedade mais produtiva, justa e humana, reconhecedora e modificadora da sua realidade.
No que se refere à modalidade da EJA, é necessário o conhecimento relacionado aos alunos. “[...] que se inicia muito antes de frequentarem a escola, pois nas experiências do cotidiano já lidam com medidas, cálculos matemáticos, materiais impressos, língua materna falada, ferramentas de trabalho e equipamentos elétricos e/ ou eletrônicos” (Vargas & Gomes, 2013, p. 453).
De acordo com Roldão (2009), em seu pensamento, no trabalho docente são construídas estratégias didáticas que favorecem o desenvolvimento da aprendizagem a partir de problemas, sistematização do conteúdo e questionamentos sobre o tema abordado. O professor deve também identificar as tarefas e as atividades que utilizará para produzir conhecimento e, por último, os modos de avaliação. Isso significa planejar os conteúdos e as atividades adequadas ao público atendido, entre outros aspectos, de que maneira utilizar os materiais e recursos disponíveis e os mais adequados para dinamização das aulas, estabelecendo um elo entre os saberes formais e os saberes dos alunos.
Na medida em que se definiram as bases teóricas dessa investigação foi possível traçar um viés metodológico por meio do qual se pode apontar possíveis alternativas para a construção das estratégias didáticas a serem adotadas pelos professores da EJA.
Este estudo de cunho não experimental utilizou abordagem qualitativa (Flick, 2009; Yin, 2001), na qual se busca alcançar os objetivos propostos, segundo Moreira e Caleffe (2006), explorando as características do indivíduo e cenários que não podem ser facilmente descritos numericamente, onde o dado verbal é coletado pela observação, descrição e gravação. O método adotado foi de um estudo de caso específico (Lüdke & André, 1986), com tempo e espaço muito bem definidos, realizado em três escolas públicas de Alagoas, entre os anos de 2016 e 2017. O eixo principal de análise deste estudo é a relação pedagógica entre professores e educandos num contexto específico da EJA.
Contamos com nove professores e vinte e cinco educandos de três escolas públicas de Alagoas, que ofertam a EJA como modalidade de ensino.
Durante o processo investigatório realizou-se três grupos focais com os alunos e entrevistas semiestruturadas com os professores. A partir daí, foi possível elencar as perguntas subsidiárias que nortearam todo o percurso, a saber: Quais as características pessoais e profissionais dos docentes da EJA das três escolas públicas de Alagoas? Quais são as características dos educandos da EJA das três escolas públicas de Alagoas? Quais os aspectos que devem ser considerados, a partir das perspectivas dos professores e educandos para a melhoria do ensino aprendizagem da EJA das três escolas públicas de Alagoas? Como será desenvolvida a proposição de estratégias didáticas aos professores da EJA das escolas selecionadas.
Para análise dos dados considerou-se os discursos oriundos dos grupos focais realizados com os educandos e das entrevistas semiestruturadas realizadas com os professores, tendo como referencial a Análise de Conteúdo proposta por Bardin (2011).
Os dados coletados foram analisados a partir da técnica da Análise de Conteúdo, segundo Bardin (2011). Nesse
sentido, o material foi lido e desmembrado em unidades de significado.
Para o tratamento dos Resultados Bardin (2011) afirma que os dados brutos são tratados de maneira a serem significativos (“falantes”) e válidos. Operações estatísticas simples (percentagens), ou mais complexas (análise fatorial), permitem estabelecer quadros de resultados, diagramas, figuras e modelos, os quais condensam e põem em relevo as informações fornecidas pela análise (p. 131).
Tal momento de descrição é onde expressamos os significados captados e intuídos nas mensagens analisadas (Moraes, 1999). Nesse sentido, para cada categoria foi produzido um texto expressando o conjunto de significados presentes nas diversas unidades de análise, fazendo uso de citações diretas dos dados originais. Durante essa descrição, interpretou-se os significados expressos nas categorias de análise, relacionando-os com a fundamentação teórica.
A partir daí, apresenta-se a figura 1 com as cinco categorias temáticas que se denominaram de categorias gerais (categorias pré-definidas) e, dentro dessas, as subcategorias (categorias emergentes). Os resultados foram apresentados segundo a hierarquia das categorias disponibilizadas.
Figura 1 - Categorias e Subcategorias Temáticas dos Grupos Focais e Entrevistas Semiestruturadas.
Fonte: Elaborado pelos autores.
Categoria 1: Relação Professor-Aluno e subcategorias temáticas: respeito e diálogo
Esta categoria procurou concentrar questões relacionadas à prática pedagógica na relação professor-aluno da EJA, pois muito se questiona sobre a importância da relação professor- aluno, de fato não tem como a ver um bom desempenho de ambas as partes se um clima não estiver harmônico no ambiente escolar.
O professor tem que ser cúmplice e acima de tudo amigo dos seus alunos, ouvindo atentamente os seus relatos diários de vivência, pois tiveram parte de suas vidas roubada por uma sociedade desigual, excludente e, como todos, eles merecem a chance de recomeçar. Segundo Freire (2003) o aluno é aquele que tem capacidade de decidir o que fazer com sua vida e de assumir as responsabilidades pelos seus atos, pois tem maturidade suficiente para tais atitudes adquiridas através de experiências vividas negativas e positivas, e tem o professor como mestre e tratam-no com um respeito ímpar.
Diferentemente do modelo de educação bancária, Paulo Freire afirma que a relação professor-aluno em sala de aula deve estar em um mesmo patamar de igualdade, numa relação dialógica, onde ambos aprendem e crescem um com o outro, onde o pensar do aluno não pode ser inibido pelo pensar do professor, mas ser complementado por este. A afetividade permite o fortalecimento do processo dialógico desfazendo a relação de dominação de saberes e o bom senso do professor diminui a distância entre o discurso e a prática, deixando transparecer verdades em seus ensinamentos (Freire, 2003, p. 61).
Os fragmentos desses sujeitos com relação a diálogo e respeito chamou a atenção. Percebe-se que em seus posicionamentos há uma concepção afetiva, de suma importância no contexto escolar, definida como elemento imprescindível para atender os anseios dos alunos na sua aprendizagem. Observa-se ainda que o aluno da EJA tem grande necessidade de ser ouvido, acolhido e valorizado, contribuindo para que se desenvolva uma boa autoimagem. Neste sentido, o diálogo e o respeito estão relacionados à construção e a melhoria do processo ensino- aprendizagem.
Verificou-se a partir das falas que há no processo ensino aprendizagem da EJA a necessidade de ser utilizada a subcategoria temática Respeito, ou seja, o compromisso é pré-estabelecido e se desenrola no decorrer das aulas. Os alunos por sua vez, de acordo com suas falas, demonstram clareza na necessidade dos elementos por eles definidos como: respeito, paciência e tolerância como peças primordiais na relação professor-aluno.
O professor, como líder, é responsável pelo bom relacionamento da turma. A sua influência na sala de aula é muito grande, portanto, um clima que favoreça ou desfavoreça o bom relacionamento e a aprendizagem depende principalmente dele.
No tocante a subcategoria temática Diálogo percebe-se, nos fragmentos dos sujeitos, que o diálogo é uma das estratégias necessária para o professor chegar ao aluno. Para compreender a construção do diálogo na relação entre professor e aluno na sala de aula implica ressaltar a concepção de educação para Freire (1987) ao afirmar que a finalidade da educação está atrelada ao desenvolvimento do processo de humanização das pessoas, que se efetiva através do diálogo, já que este se constitui como elemento fundamental para a humanização.
De acordo com os fragmentos dos sujeitos em relação a essa subcategoria temática, os alunos afirmam que é importante o diálogo, respeito, disciplina nas aulas e mais harmonia. Acrescentaram que é necessário o professor diálogo na sala de aula para que os alunos tenham interesse. Segundo eles, o ideal é ter uma boa relação com os alunos e os alunos com o professor, porque tendo isso na sala, forma-se uma boa disciplina para ambos.
Mediante as falas dos sujeitos podemos relatar que o diálogo é visto como uma solução para que os problemas do cotidiano sejam resolvidos de forma tranquila. Nas falas dos sujeitos percebe-se que na troca de experiências, onde o professor interage diretamente com o aluno, vai se construindo uma relação de confiança, o que contribui para tornar a sala de aula um ambiente agradável e favorável ao aprendizado. As questões pessoais trazidas pelos alunos até o professor fazem parte de uma relação afetiva e de confiança que o aluno tem com o professor. Assim, quanto mais o professor compreender a dimensão do diálogo como postura necessária em suas aulas, grande avanço conquistará em relação aos alunos, pois desse modo sentir-se-ão mais curiosos e mobilizados para transformarem a realidade. Quando o professor atua nessa perspectiva, ele não é visto como um mero transmissor de conhecimentos, mas como um mediador, alguém capaz de articular as experiências dos alunos com o mundo, levando-os a refletir sobre seu entorno, assumindo um papel mais humanizador em sua prática docente.
A partir da análise da categoria Relação professor-aluno foi possível observar os fatores fundamentais para a identificação e caracterização dessa categoria de análise. Entretanto observa-se que a categoria e as subcategorias temáticas analisadas interferem no processo do ensino aprendizagem da EJA.
Categoria 2- Atividades didáticas e subcategorias temáticas: aprendizagem e explicação
Nessa categoria optou-se por contextualizar as discussões buscando a compreensão nos fatores condizentes à prática docente em EJA, as metodologias e os recursos didáticos pedagógicos que são de total relevância para a realização das atividades, visto que esses são responsáveis pelo auxílio na elaboração das atividades a serem realizadas, portanto estes recursos devem estar à disposição do professor.
O professor deve propiciar ao aluno o acesso as informações relativas às suas vivências e estimular o interesse dos educandos por diferentes abordagens. O professor pode trabalhar a partir da problematização de alguns assuntos, provocando no aluno a necessidade de buscar novos conhecimentos e troca de ideias para resolução dos problemas.
Prado (1999) afirma que o docente da EJA deve compreender que para um adulto em fase de escolarização;
possa compreender melhor a realidade que o cerca, agir de forma crítica e consciente, participar das mudanças e transformações que vêm ocorrendo no mundo ao seu redor, é necessário que todos os conhecimentos lhe sejam apresentados de forma problematizadora, buscando reflexão e conclusão (Prado, 1999, p. 75).
Diante disso, conclui-se que o educador de EJA deverá refletir constantemente sobre sua prática, buscando os meios de aperfeiçoá-la diante das dificuldades encontradas para alcançar os objetivos da aprendizagem e de formação do aluno, pois ele deve ser capaz de lidar com diferentes situações e dificuldades, procurando sempre conhecer seus educandos, suas expectativas e anseios de aprendizagem.
Conforme os posicionamentos desses sujeitos, referentes a aprendizagem e a explicação nos chama atenção as divergências expressas em seus pronunciamentos. Acerca dessa questão podemos constatar que, na concepção da maioria desses sujeitos, existe uma lacuna na falta de explicação por parte dos professores durante o desenvolvimento de suas atividades pedagógicas, dificultando o processo de aprendizagem.
Por intermédio dos argumentos apresentados constata-se que o perfil do professor é o de quem cria as condições e os meios para que os alunos desenvolvam capacidades e habilidades intelectuais, de modo a dominarem métodos de estudo e de trabalho intelectual visando a autonomia no processo do ensino aprendizagem e independência de pensamento.
Assim sendo, o professor deve buscar suas habilidades inovadoras em diversas práticas e métodos de trabalhar os conteúdos em uma visão que atenda à realidade de vida de seus alunos, em que se faz necessária a ampliação da linguagem ao transmitir os conhecimentos, contextualização, dinamicidade e interdisciplinaridade. No entanto, é perceptível a insuficiência de materiais didáticos para o auxílio do professor em suas atividades didáticas, dificultando um bom desempenho do dia a dia em sala de aula. Como bem afirma Romão (2011, p. 146), “a produção, a disseminação e a avaliação de material didático à educação de jovens e adultos é insuficiente, dificultando as ações dos diversos setores envolvidos
Categoria 3- Disponibilidade dos professores e subcategorias temáticas: eficiência e tempo
Esta categoria procurou concentrar questões relacionadas à disponibilidade dos professores da EJA em desenvolver as atividades didáticas propostas pela escola, por serem profissionais comprometidos com o seu trabalho, assim como analisar seu perfil como um profissional responsável com suas atividades profissionais, capaz de definir os elementos fundamentais no desempenho dos trabalhos pedagógicos.
Por sua vez, Tardif (2010) assinala que o trabalho do professor exige dele um saber e um saber-fazer, umas práxis, pois o seu trabalho não é simples nem previsível, porém complexo e grandemente influenciado pelas próprias decisões e ações desses atores. Assim, a finalidade de uma epistemologia da prática profissional é revelar os saberes (conhecimentos, habilidades, saber-fazer, saber ser) dos professores, compreender como são integrados concretamente nas tarefas dos profissionais e como estes incorporam, produzem, utilizam, aplicam e transformam em função dos limites e dos recursos inerentes às suas atividades de trabalho.
Conforme a fala dos sujeitos participantes dos grupos focais nessa categoria de análise existe uma oposição em seus depoimentos no que se refere à disponibilidade dos professores da EJA nas atividades pedagógicas. Observa-se que para os alunos os professores têm disponibilidade para com eles. Assim sendo, podemos constatar
que a relação da disponibilidade dos professores nas suas atividades didáticas tem um direcionamento relevante, onde o professor é capaz de desenvolver suas competências e habilidades pedagógicas em uma abordagem direcionada aos seus educandos, no sentido de planejar, desenvolver atividades didáticas e criar estratégias com a finalidade de melhorar a qualidade no processo do ensino aprendizagem da EJA.
Nesse caminho, compreendemos que a disponibilidade dos professores nas atividades didáticas apresenta elementos definidos que demonstram a qualidade do ensino aprendizagem que eles vêm desenvolvendo nas últimas décadas.
Categoria 4- Desempenho dos alunos e subcategorias temáticas: dificuldades de aprendizagem e falta de
compromisso
Nos ambientes escolares é com muita frequência a preocupação dos educadores com os mesmos problemas: alunos abaixo da média, desinteressados e com um desempenho que poderia (e deveria) ser muito melhor. Essa realidade é extremamente comum e se repete de forma incessante nas diversas modalidades de ensino.
Buscamos analisar as falas reveladas pelos alunos, onde eles demonstraram que o desempenho na sala de aula é ruim, pois os conteúdos não são bem desenvolvidos pelos professores e relatam a questão do livro didático, onde seus conteúdos são desatualizados. Diante da reflexão apresentada podemos inferir que entre os motivos, que levam à falta de compromisso e à desmotivação em sala de aula, estão a inadequação do currículo, dos programas de estudo e dos métodos de ensino, o que demonstra que a escola não está preparada para receber os estudantes, principalmente, com as características dos que procuram a EJA.
Assim como é possível identificar a falta de compromisso nas aulas como um processo decorrente dos possíveis fatores que a legitima na ótica dos jovens e adultos, revelando que tanto a escola quanto os alunos se compreendem na dimensão e na complexidade das relações sociais externas e internas que interferem no processo socioeducativo.
Nessa perspectiva podemos identificar na categoria analisada que o desempenho dos alunos apresenta aspectos definidos que demonstram as condições vivenciadas por eles nas salas de aula nas últimas décadas.
Categoria 5 - Estratégias didáticas e subcategorias temáticas: aulas práticas e trabalho em equipe
Com o objetivo de localizarmos nossa discussão, se fez necessário compreendermos que estratégias didáticas, no contexto apresentado, estão relacionadas com as técnicas aplicadas pelos professores em suas atividades pedagógicas, onde existem vários conceitos. No entanto, optamos pelo pensamento de e Menegolla e Sant’ anna que aponta o conjunto de atividades sistematicamente organizadas e que têm por objetivo propiciar ao aluno uma aprendizagem eficaz, contribuindo para o seu aperfeiçoamento individual e/ou grupal (Menegolla & Sant’ anna, 1991).
Diante do pensamento exposto, essas atividades organizadas no processo ensino aprendizagem estão relacionadas com a metodologia utilizadas pelo professor no desempenho de suas atividades pedagógicas.
Em conformidade com os posicionamentos referentes às falas dos alunos percebe-se em seus discursos fatores condizentes ao perfil apresentado pelos professores. Observa-se que esses alunos necessitam que o professor apresente um perfil diferenciado, ou seja, que apresente características e habilidades na sala de aula referentes a paciência, explicação e outros fatores referentes aos procedimentos desses professores.
Decorrente dos fragmentos apresentados pelos professores compreende-se que, de uma forma geral em suas falas, eles apresentam pretensões e apontam estratégias que expressem uma maior motivação de proporcionarem aos alunos aulas mais interessantes e produtivas, para que haja uma melhor qualidade na EJA partindo do pressuposto que essa modalidade de ensino se diferencia do ensino regular principalmente pelo seu público.
Os sujeitos se posicionam em relação ao trabalho em equipe, que é uma abordagem na qual o professor é o mediador e os alunos construtores de seu próprio conhecimento.
Os dados apresentados apontaram a necessidade da articulação entre as estratégias didáticas utilizadas pelos professores com a realidade dos jovens e adultos na escola.
A análise dos três grupos realizados com os alunos da EJA, em três escolas públicas de Alagoas
A análise apresentada nos três grupos focais, realizados com os alunos da EJA, em três escolas públicas de Maceió, analisou a relação pedagógica entre professor e educandos para uma melhor qualidade no processo ensino-aprendizagem. As categorias gerais: relação professor-aluno, atividades didáticas dos professores, disponibilidade dos professores, desempenho dos alunos e estratégias didáticas, contribuíram no sentido de entender os diversos aspectos apresentados na relação pedagógica entre professores e educandos para uma melhoria do processo de ensino aprendizagem.
Diante desse contexto, nenhuma das categorias gerais intrinsecamente é capaz de esclarecer o fenômeno. As especificidades existentes em cada uma das categorias e o contexto analisado nos fragmentos das falas dos sujeitos nos grupos focais apontam para diversas circunstâncias vivenciadas por eles que nos possibilitam entender a relação pedagógica, a qualidade do ensino aprendizagem e seus aspectos. Nesse sentido, analisa-se que a percepção da relação pedagógica entre professores e educandos da EJA não pode estar dissociada dos contextos sociais em que os alunos se inserem.
Conclusão
A maioria dos professores declararam que a relação professor-aluno deve ser embasada em aspectos relevantes que proporcione um ambiente de trabalho através do respeito, diálogo, parceria, cooperação, compreensão entre outros, que venham possibilitar aos alunos aulas produtivas e interessantes com o objetivo de facilitar o desempenho do seu trabalho na construção dos conhecimentos fundamentais e alcançar os objetivos no processo do ensino aprendizagem.
Alguns professores responsabilizaram o próprio sistema de ensino quando exige do professor que o aluno avance para turma seguinte anulando todo trabalho desenvolvido pelo professor durante o ano letivo, onde o professor em suas avaliações observa que esse aluno não possui uma evolução no processo de ensino aprendizagem.
Nesta perspectiva, segundo os entrevistados o aluno deve assumir seu papel na sociedade, como ser histórico e social, como ser pensante, comunicante, transformador, criador e realizador de utopias. Tende a assumir e ter um compromisso com seu aprendizado e acreditar que a escola é importante para sua formação, consciente que aprender demanda muito esforço e dedicação.
A educação brasileira vive um processo de influências relacionadas com as diversas abordagens pedagógicas, onde suas características interferem na metodologia utilizada pelos professores na sala de aula. Por isso, é de grande relevância que o professor tenha a percepção do que, para que, como e a quem está ensinando, para, a partir daí, utilizar uma metodologia que contemple as necessidades educacionais do aluno.
A partir daí, observamos que as atividades didáticas desenvolvidas em sala de aula pelos professores pesquisados apresentam vivacidade e sensibilidade à realidade dos alunos buscando introduzir os conteúdos de forma mais criativa, dando sentido e motivação através de recursos diversos tais como: jogos dramáticos, brincadeiras, apresentação de trabalhos individual e em grupo, leituras visuais, além de externamente assistir peças teatrais, cinema e feiras folclóricas e culturais entre outros.
Vimos que o desinteresse dos alunos, em desempenhar as atividades didáticas propostas nas salas de aula, estar relacionado ao tipo de aula que lhe são ofertadas pelos professores. Partindo desse pressuposto, os professores entrevistados almejam aulas diferenciadas, que sejam planejadas utilizando-se uma diversidade de avanços tecnológicos existente na época contemporânea.
Os alunos são sujeitos adultos que necessitam de estratégicas didáticas distintas, onde o professor seja mais criativo proporcionando aulas dinâmicas que chamem a atenção desses jovens, que chegam no ambiente escolar cansados, por virem de uma jornada diária de trabalho exaustiva. Para que as aulas não sejam monótonas a criatividade é um aspecto fundamental que pode fazer a diferença dentro da sala de aula, ou seja, os alunos acabam interessando-se para ter uma aprendizagem melhor dos conteúdos.
Pode-se analisar através dos depoimentos dos professores que eles visam proporcionar aos alunos da EJA qualidade no desenvolvimento do processo educativo, buscando atender às expectativas pedagógicas propostas
pela escola. Além disso, realizam atividades didáticas no sentido de promoverem a transformação das condições educacionais, assegurando uma educação com qualidade social aos frequentadores das escolas pesquisadas.
Foi bastante significativo quando alguns professores reconheceram que a disponibilidade do professor da EJA, em relação às atividades didáticas, vai além das atividades pedagógicas proposta pela escola, na medida que o professor tem como objetivo planejar atividades didáticas relacionadas às necessidades de seus educandos, para que eles alcancem suas necessidades primordiais, contribuindo no sentido de garantir aos educandos uma melhor qualidade no processo do ensino aprendizagem, já que não tiveram oportunidade de realizar seus conhecimentos na fase equivalente.
Os professores não deixaram de destacar a questão das necessidades básicas de sobrevivência do professor, fator este que interfere no desempenho das atividades didáticas, onde a causa está relacionada aos baixos salários, fruto da política de arrocho e baixa valorização da profissão, que fazem com que os professores assumam a cada ano um número maior de aulas, exterminando o tempo que seria dedicado às atividades didáticas correlacionadas às aulas e ao estudo, o que tem incidência direta na qualidade do trabalho realizado.
Outro fator relatado pelos professores esteve direcionado às deficiências de políticas públicas, que possam atender aos aspectos educacionais citados. Nesse sentido, se faz necessário uma nova estratégia didática que possa modificar a política de formação de professores, que requer uma série de condições que têm sido ignoradas ou insatisfatoriamente resolvidas pelas políticas educacionais em nosso país como: carreira docente, jornada de trabalho, salário, condições de trabalho, bem-estar dos professores, espaços coletivos para se enfrentar as questões educacionais e profissionais etc.
Os alunos da EJA apresentam um bom desempenho, pois se faz necessário avaliar esses sujeitos através de suas realidades, considerando os diversos fatores que eles apresentam nas suas trajetórias de vida, já que são jovens e adultos que não tiveram oportunidade, por diversos motivos, de alfabetizarem-se ou de terminarem a Educação Básica no tempo adequado, no entanto são sujeitos que apresentam cultura própria, assim como seu próprio modo de enfrentar o cotidiano.
Dessa forma, o professor precisa acreditar nesse aluno, considerando-o capaz de construir suas próprias ideias e expressá-las, procurando desenvolver estratégias didáticas direcionadas a realidade de cada educando, sendo diferente de acordo com o momento.
Ficou constatada a falta de compromisso, assim como a ausência da persistência dos alunos da EJA, no processo que leva a obtenção de um bom desempenho e uma aprendizagem de qualidade. Os interesses dos alunos não estão relacionados com a proposta da escola que é promover a autonomia dos jovens e adultos, de modo que se tornem sujeitos do aprender e se apropriem do mundo do fazer, do conhecer e do agir.
Nesse contexto, os professores apresentaram outros aspectos que levam os alunos a permanecerem na escola, tais como: merenda escolar, carteira de estudante para ter acesso ao transporte, e a comercialização de produtos no ambiente escolar.
Os professores alegaram que desenvolvem em suas aulas estratégias didáticas diferenciadas para minimizar a falta de motivação dos alunos. Apontam que utilizam como estratégia didática aulas expositivas, na medida do possível, priorizando a seleção dos conteúdos que auxiliem na realidade dos alunos, visando a permanência deles no ambiente escolar.
Em seus depoimentos revelaram, como estratégia didática principal, a aproximação com os alunos no sentido de promoverem a igualdade entre todos. Simultaneamente, destacaram a necessidade de um diagnóstico dos alunos para elaborar a seleção dos conteúdos, relacionados ao perfil dos sujeitos e escolha das estratégias didáticas no sentido do fazer, ver, refletir e aprimorar a concepção de mundo, assim sendo essa estratégia didática estar relacionada com a interdisciplinaridade.
Diante do contexto apresentado pelos professores, observa-se que eles são profissionais comprometidos, apresentam um bom desempenho dentro do contexto da EJA, apresentando características como ser: articulador, organizador e mediador. Simultaneamente possuem uma concepção em relação à EJA, com o perfil de se assumirem como sujeitos de suas estratégias didáticas, já que se torna aspecto relevante o professor desenvolver e avaliar os avanços da aprendizagem de seus alunos.
Foi possível analisar que os professores possuem uma concepção referente ao saber e a cultura, sendo aspectos fundamentais que estruturam a prática escolar, assim como possibilitam aos alunos a motivação relacionada a temas propostos através de aulas práticas, com a utilização de materiais concretos tais como: cédula e moedas de brinquedo, preços de medicamentos, alimentos entre outros.
Nos relatos dos professores é visível a importância que eles atribuem ao fato de apresentar os conteúdos de forma diversificada, com o intuito de proporcionar uma qualidade no desempenho dos alunos no processo de ensino aprendizagem. Além disso, evidenciaram a necessidade de atividades lúdicas, de se questionar a realidade e problematizar as dificuldades em aspectos que proporcionem reflexões para alcançar o entendimento e a necessidade de compreender a cidadania, a fim de que os alunos se tornem indivíduos autônomos e conscientes.
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